Evento “Leia Mulheres” aborda literatura indígena no Museu de Arte Popular da Paraíba

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No sábado (26), às 15h, o Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), em Campina Grande, recebe mais uma vez o projeto “Leia Mulheres”. O clube de leitura aportou no MAPP desde meados do ano passado e já fez 10 edições do evento, sempre com o objetivo de promover um espaço de leitura e vivências, a partir de obras escritas por mulheres. A entrada é franca.

Desta feita, o livro escolhido é “Originárias: Uma antologia feminina de literatura indígena”, de Trudruá Dorrico. A obra traz 12 escritoras indígenas de diferentes povos; são contos permeados pela tradição coletiva, narrativas orais e críticas sociais. Conforme uma das mediadoras das práticas, Renata Oliveira, “ler autoras indígenas é uma forma de enaltecer vozes que, apesar de nos constituírem, são silenciadas há mais de 500 anos”.

E a violência não parou no Brasil Colônia, mas perdura até hoje nas invasões de territórios naturais para garimpo, pecuária extensiva, hidroelétricas, usinas eólicas, como apontou Renata.

“Indígenas são atingidos todos os dias, seja por balas, fogo, poluição dos rios, do solo, do ar, falta de acesso a alimentos, saúde, educação e pelo estado da natureza em desequilíbrio, pois é dela que eles tiram seu sustento. Na cosmovisão de vários povos originários, as violências feitas contra a Terra, são analogamente realizadas contra as pessoas, especialmente, as mulheres”, acrescentou.

Para Renata, o contexto atual é de urgência a respeito do tema. “Ainda este mês, muitas entidades se mobilizaram em defesa da ativista indígena Célia Xakriabá, devido ao ataque policial que houve no acampamento Terra Livre, no Distrito Federal. Ler mulheres indígenas se torna ainda mais premente e necessário para visibilizar esta luta que é não apenas pelos povos originários, mas, sobretudo, pela manutenção da vida na Terra. Além das já conhecidos diálogos envolvendo a leitura, especificamente, neste Abril Indígena, buscamos valorizar e refletir sobre o nosso papel, enquanto habitantes do perímetro urbano, no propósito da preservação da memória desses povos e da natureza”, pontuou.

Renata destacou que o fato de o Museu ser um ponto turístico, central e acessível, tem colaborado para uma maior participação, inclusive de passantes que, vendo o grupo, ficam para conversar.

“Por outro lado, após os eventos, muitas de nós aproveitamos para visitar as exposições. É um jogo de ganha-ganha, todos saímos ganhando: o Museu, nossos participantes e a cultura campinense. Agradecemos ao diretor e aos funcionários pelo zelo e presteza que têm tido conosco”, ressaltou.

A média de integrantes dos encontros é de 20 pessoas, com uma margem de erro de 10 para mais ou para menos, a depender do livro, segundo Renata. “A maioria é mulher, entre 19 e 69 anos, são estudantes universitárias, professoras de diversos níveis de ensino, escritoras, psicólogas, aposentadas, mas também donas de casa e outras profissionais. Elas vêm de vários bairros, desde as Malvinas, Serrotão, Portal Sudoeste, Santa Rosa, Liberdade, Estação Velha, Catolé, José Pinheiro, Jardim Continental e Centro”, informou.

Renata divide a coordenação das ações do Leia Mulheres Campina Grande com as mediadoras Emanoella Alves e Vitória Medeiros. Outras informações podem ser adquiridas na rede social @leiamulherescg.

Fonte: UEPB (Texto: Oziella Inocêncio)

Foto: Divulgação

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